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CULTURA E BRANDING, ELO INDISSOLÚVEL.

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Christina Carvalho Pinto e Paulo Monteiro

Marketeiros do velho modelo, preparem seus lencinhos para o aceno de adeus à era da ilusão, palavra que na origem latina está ligada à ironia e deboche.
No frenesi do consumismo, a ilusão ocupou o trono de rainha. Comanda falsos desejos, cria falsas necessidades, debocha da ansiedade galopante que tudo isso é capaz de gerar.
Nesse reino de miragens, os súditos trabalham loucamente para agradar a rainha. Tomam fórmulas superácidas na ilusão de estar bebendo felicidade. Medem-se uns aos outros por metro quadrado, localização da metragem e preço das traquitanas que enfeitam seus corpos, seus espaços e as tantas inutilidades adquiridas – literalmente – com seu suor e sangue. 
Nas empresas desse reino, cultura e marca não se comunicam. 
A cultura fica escondida atrás dos altos muros da empresa, cercada de palavras belas nos books e nas paredes, mas fica difícil walk the talk, pois tudo gira exclusivamente em torno do dinheiro, qualquer que seja a consequência. As metas financeiras são alucinantes e o clima é tenso, dominado pela ganância. O sofrimento intramuros é forte e mudo.
Já a marca é só alegria! Vive completamente separada da cultura da empresa, como se fosse possível parir uma criança gerada fora do útero. Mas é assim que acontece no Reino da Ilusão. 
Criada e nutrida por ilusionistas, a marca ali é também máscara: transmite as maravilhas, os valores e o alto astral que a empresa não pratica e induz a desejos que a massa de súditos, de forma geral, jamais sentiria espontaneamente. 
A rainha Ilusão é insaciável, mas, por pensar tanto em si, vive distraída. Não percebe que, pelos portões de seu reino evadem, neste exato momento, milhões e milhões de súditos e filhos de súditos, todos de mudança para um reino que não pára de crescer: o Reino da Verdade.
Ali não há muros nem portões. O dentro e o fora são uma coisa só, um mesmo flow, como dizem os novos habitantes. 
A Verdade não ocupa trono nenhum: habita, sem cerimônia, os corações e mentes de todos.
No Reino da Verdade também existem empresas. Muitas já nasceram lá e outras vão chegando, desertoras do Reino da Ilusão. Suas instalações são transparentes, como tudo nesse novo reino. Ali, cultura e marca são um continuum: a marca expressa para o mundo dos clientes o que a cultura expressa, verdadeiramente, sobre o mundo da empresa. O elo cultura-marca é sincero, indissolúvel. E como não há muros, todos naquela nova sociedade são ouvidos e participam da criação de tudo: empresas e suas culturas, produtos, serviços e marcas.
E por falar em marcas, enquanto no Reino da Ilusão a palavra marca veio do velho hábito de marcar o gado com ferro em brasa (burnt/brand), no Reino da Verdade marca é aquilo que a nova sociedade quer deixar como legado positivo para a História. 
Lá isso é tão sério que a população local, conhecida como geração pós- consumo, não tem qualquer interesse em marcas do velho modelo. Não é gado para ser marcada.
O que essa geração exige é que empresas e marcas deixem de destruir a Vida e passem a marcar a História através de processos regeneradores.
Ou seja: que realizem em escala o que bilhões de seres humanos querem realizar como indivíduos.
Para isso acontecer, naquele reino cultura e marca nascem e crescem juntas, num elo indissolúvel.
As empresas que abraçam esse caminho regenerador por convicção, com sinceridade (e não apenas para atrair clientes através de ferramentas do marketing de engajamento), essas empresas sinceras ganham, não mais consumidores – termo em desuso no Reino da Verdade – mas amigos de verdade.
Consumidores cabem naquele velho reino, o do consumismo.
Na nova sociedade, marca não é isca: é ponte bem construída entre cidadãos conscientes e a cultura de empresas que entendem a regeneração dos sistemas – a começar pelo sistema corporativo – como aspecto inseparável da inovação. 

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